sexta-feira, 6 de agosto de 2010

A Corajosa Thais e seus Amiguinhos

Uma linda garotinha, com cabelos castanhos cacheados, largo sorriso e um olhar brilhante, chamada Thaís, morava próxima a uma pequena aldeia, rodeada de flores e pássaros.
Todos gostavam de Thaís que, a tardinha, sempre saía com sua mamãe para fazer compras.
Thaís tinha alguns bichinhos de estimação: o peixinho Lili, o passarinho Pluminha, o gatinho Algodão e o cãozinho Feroz (que de feroz não tinha nada).
Um dia, a mamãe de Thaís não pode ir às compras, pois o irmãozinho da menina precisava de cuidados e o pai chegaria tarde.
Thaís ofereceu-se para ajudar, indo buscar o que precisariam para o jantar. A mãe, mesmo receosa, permitiu que a menina fosse, recomendando-lhe muito cuidado no caminho. Lá se foi ela, pulando e balançando seus lindos cachos e, ao seu lado, seu fiel cãozinho.
Distraída, a menina não percebeu que tomara o caminho errado. O cãozinho, pulando a sua frente, latindo muito, não conseguiu evitar que ela continuasse andando, sem se importar com ele.
E assim, lá se foram, afastando-se cada vez mais do caminho da aldeia. De repente, a menina começou a estranhar as coisas ao seu redor: árvores secas, chão coberto de folhas velhas, alguns porcos e, em frente, um cachorro enorme, com dentes afiados, latindo para ela. Quando percebeu, estava dentro de um cercado, e no meio deste, uma casa muito velha e caindo aos pedaços.
Thaís sentiu muito medo e, o cachorrinho percebendo sua aflição, encostou-se em suas pernas. Quando resolveram dar meia-volta, o cão furioso ficou no seu caminho e, atrás deles, saindo da casa, uma velha suja, desdentada e mal-cheirosa gritou que eles não se atravessem a sair dali. Agora, seriam seus “ajudantes”.
A menina lembrou, então, que aquele lugar era muito temido por todos da região, pois aquela velha era louca e não gostava de crianças. Resolveu não resistir e seguiu a velha para dentro de casa. Dentro, a casa parecia pior ainda, com baratas e ratos correndo soltos por tudo.
Thaís tentava pensar em algo e, só conseguiu pensar em não se desesperar, pois, assim que dessem por sua falta, iriam procurá-la e dariam uma lição naquela velha má.
A velha começou mandando a menina arrumar sua cama – um quadrado cheio de cupins e pulgas, coberto de pó e com um penico imundo embaixo; depois, mandou-a tirar água de um poço coberto de sujeira, atrás da casa. E, de tarefa em tarefa, anoiteceu e a menina, muito cansada, pela primeira vez abriu a boca e pediu à velha para deixá-la voltar para casa; sua mãe e seu pai deveriam estar preocupados com sua ausência.
A velha começou a rir e disse que Thaís deveria esquecer sua mãe, seu pai, ou quem quer que fosse, pois, ali, de agora em diante seria seu novo lar.
A menina, chorando, sentou-se em um canto abraçada ao seu cãozinho. De tão cansada, acabou adormecendo e sonhou. Sonhou que estava em casa, abraçada a sua mãe, olhando seu irmãozinho brincar com seu pai e, o cãozinho dormindo perto da porta. Ouviu, então, um latido de cachorro, uma porta abrindo, alguém caindo.
Acordou, assustada. Já havia amanhecido e ouvia vozes. Parecia a voz de seu pai. A porta escancarou-se e seu pai entrou; ela correu para abraçá-lo, chorando.
Ainda assustada, perguntou como a haviam achado. O pai disse que a mãe, estranhando sua demora, foi atrás dela na aldeia e, como ninguém havia visto a menina, começaram a procurá-la. Perceberam que o passarinho e o gatinho da menina tentavam levá-los a algum lugar. Resolveram segui-los e, quando viram onde haviam chegado, esperaram o melhor momento para salvá-la.
Curiosa, perguntou o que havia acontecido com a velha fedorenta. O pai disse que o gatinho havia distraído o cachorro e alguns homens o prenderam; a velha tentou evitar que eles entrassem, então, o passarinho começou a bicar-lhe a cabeça e a voar ao seu redor, atrapalhando seu campo de visão. A velha acabou levando um belo tombo que foi preciso três homens para erguê-la do chão. Ela, com certeza, nunca mais prenderá ninguém contra vontade.
Os dois foram embora e, quando encontrou sua mãe, Thaís abraçou-a e encheu-a de beijos, prometendo que nunca mais se distrairia e, de agora em diante, quando saísse sozinha, sempre seguiria seu cãozinho, pois ele saberia o caminho certo.

PS: Mais uma para minha queridinha, quando tinha 07 anos. 

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