Toda dor é ruim. Toda dor é muito dolorida, seja ela emocional ou física. Já tive muitas dores emocionais, mas, nenhuma foi tão dolorida, tão cortante, quanto a perda de minha mãe ou o susto de saber que meu precisava de uma cirurgia coronária com urgência. A perda dela dói até hoje, alguns pontos ainda me incomodam, me deixam dúvidas, mas, é algo que não tem volta e, só o que me resta, é sentir saudades e relembrar momentos gostosos; o susto com meu pai, graças a Deus, foi um susto que teve solução imediata, uma cirurgia que deu certo e ele está 100%, curtindo a vida aos 79 anos, vivendo plenamente, com um coração de guri. Mas, a dor física...putz, essa é de matar. Já senti, também, muitas dores físicas: dor na perna, no ombro, na cabeça, no ouvido, na garganta e, sinceramente, sou dura na queda – só tomo remédio em último caso, quando sinto que a dor não vai me abandonar sem antes ganhar uma porrada medicamentosa. Ontem, foi um terror...Há umas duas semanas atrás, quebrei um pedaço do meu dente e fui ao dentista; com a anestesia, não percebi que havia ficado um pouco mais alto de um lado a obturação que a médica colocou e, quando passou o efeito, senti que cada vez que mordia de um lado, o lado do dente obturado batia contra o de baixo e dava uma agulhada que parecia me cutucar o cérebro. Mas, como imaginava que aos poucos as coisas se ajeitariam, deixei assim e passei a comer com muito cuidado e mais vagarosamente, evitando mastigar qualquer coisa que fosse do lado que foi mexido. Mas, ontem (domingo), a coisa ficou preta; já estava anoitecendo e o dente começou a latejar, uma coisinha enjoada que vinha e ia, resolvi tomar um paracetamol 750 ml e, nada. A dor foi aumentando; tomei outro...nada. De repente, a dor estava tão forte, tão forte, que eu já estava andando para lá e para cá, como se estivesse em trabalho de parto (nunca estive, mas, de tanto ver na TV, foi a primeira imagem que me veio a cabeça); não havia jeito para parar: deitava, doía; sentava, doía; caminhava, doía; pensava, doía; chorava, doía. E, bateu o desespero... nunca senti uma dor daquelas, aliás, nem lembro de ter sentido dor de dentes na acepção total da palavra; nunca havia sofrido com isso. E, ontem, toda aquela dor me fez ver que eu ainda não sabia o que significava essa palavrinha de 03 letras que me derrubou, que me fez chorar de muita dor, me fez ter vontade de enfiar qualquer coisa na boca e arrancar aquilo que me incomodava, me fez ter vontade de pedir que alguém me socasse para que eu pudesse esquecer tudo aquilo. Duas amigas me salvaram: uma com o remédio e a outra pela tele-entrega. Tomei o comprimido e a dor foi acalmando, foi baixando a intensidade; 04 horas depois, tomei outro e melhorou um pouco mais. Dormi. Acordei às 07h30min, depois de uma noite de vai e vem de sono e dor, corri para a urgência do consultório. Fui atendida de imediato e o dentista mexeu no dente, cutucou, apertou, enfim, fez o que pode para ver o que eu sentia e, pasmem, não senti nada. Não doía quando ele mexia, então, decidiu arrumar o lado que estava mais alto – o da obturação e, sem anestesia, pegou a broca maldita e ajeitou o dente e, eu sem sentir nada. Pediu um R-X para ver o problema e, com o resultado na mão, disse que não havia nada no meu dente, não estava nem perto do nervo o problema, não tinha nada. O que poderia ter acontecido é que o dente por ter ficado, digamos, "desnivelado", acabou causando essa dor que poderia ser o resultado da minha mastigação do outro lado e, segundo ele, cada mordida que damos equivale a 280kg, então, imagina a pressão que o dente recebia. Me deu 48h e se a dor persistir, voltar para um R-X mais completo. Voltei mais aliviada e com menos dor. Agora, escrevendo, lateja um pouco, mas, imagino que seja o resultado da dor horrorosa de ontem e, claro, por ele ter mexido no dente; mas, consegui comer e senti a diferença no dente que ele “nivelou”. E, por via das dúvidas, vou ao meu paracetamol, afinal, com a dor em um nível bem menor, o remédio fará efeito. Espero dormir legal.