quarta-feira, 27 de agosto de 2014

Viajando no Papo dos Outros



Ando em um momento "imã" para todo tipo de conversa, onde quer que eu esteja, em cada ida ou retorno do trabalho, meus ouvidos resolvem captar todo tipo de assunto. É tanta informação que, em alguns casos, dá uma vontade louca de dar um pitaco nos assuntos que é difícil segurar a língua. Ouvi que a "Ariela" não respeita ninguém, é mal-educada e o "Fulano" é um boca aberta, não diz nada, não chama a atenção dela...What??? O que a criatura fez??? Baixaram a voz porque???Droga, o som da lotação é mais alto que a voz da mulher que reclama da tal Ariela - bonito nome, aliás. Teve o cara que, de dentro do ônibus, resolveu ligar para algum lugar e reclamar da carne - da carne, você entendeu?? - com um sotaque nordestino tri forte, carregado naquela malemolencia característica das terras lá de cima. A reclamação continuou: disse que o macarrão virou uma papa horrorosa e, comparou o tal macarrão a massa de passar no carro, para consertar algumas partes da lataria - não estou exagerando, ele deu todos esses detalhes, pelo celular. Falava alto, perguntava se atendente conseguia ouvir e entender o que ele estava falando e, eu, assim como alguns passageiros sentados próximos a ele, estávamos fazendo o possível e o impossível para não caírmos na gargalhada. A situação era bizarra. E, no final, não vou saber se a reclamação foi bem recebida, se resolveram a situação e, o mais importante, qual a ligação da tal carne - já que ele reclamou de um açougue, com o macarrão ter virado papa. O boi que virou carne comeu algum tipo de coisa tóxica que derreteu o macarrão? A carne não era Friboi? Ah, e a melhor foram duas mulheres que embarcaram no ônibus, sentaram atrás de mim e começaram a conversar. Uma delas começou a contar sobre algo que tinha lido no jornal, antes de sair de casa e, enquanto falava, ria, ria muito. Era sobre um taxista que comprou um táxi novo e os primeiros passageiros foram duas mulheres com os filhos e, uma delas troca a criança, depois descem e ele começa a sentir um cheiro ruim dentro do carro. Pára o táxi, revisa o carro e descobre que a mulher esqueceu a fralda premiada da criança, embaixo do banco. Gente, eu ouvia ela contar e rir ao mesmo tempo que, sinceramente, quase virei para trás para rir junto, me enturmar e descobrir onde ela havia lido sobre aquilo. Desci antes delas, mas, a viagem foi divertida, aliás, todas têm sido, pois, mesmo sem saber, as pessoas proporcionam momentos de muita descontração e, mesmo que por segundos estejamos com raiva, frustrados, desesperançosos, essas viagens fazem tudo virar pó e dão um "up" no astral e melhoram nosso ânimo. Toda viagem descontraída acaba valendo a pena e fazendo o dia passar mais rápido. 

quarta-feira, 20 de agosto de 2014

Andando em Rodas


Andar de ônibus, lotação, trem ou qualquer meio de transporte com rodas, que não seja uma cadeira, claro, torna as viagens muito divertidas, interessantes e, algumas vezes, esclarecedoras. A semana fica cheia de pequenos e rápidos momentos que duram, exatamente, o tempo da viagem e que podem dar o tom de como será nosso dia. Na segunda-feira, sentados no banco em frente ao meu, vinham dois pombinhos, totalmente envolvidos um no outro, arrulhando como se fossem as únicas pessoas dentro da lotação e esfregando na cara de todo mundo que estavam apaixonados – na verdade, na minha cara, pois estava sentada atrás deles e, se resolvessem deitar o banco, eu estava ralada, pois a cenas de beijos, afagos e sei lá mais o quê, ficaria mais explícita ainda...Não sou contra o amor ou, a demonstração dele em público, mas precisa ser às 07h30min de uma segunda-feira, cinzenta, úmida, com cara de que vai ser muito chata? Precisam ficar soltando coracõezinhos sob suas cabeças a cada pegar de mão, beijo na bochecha, afago no cabelo? Não desacreditei do amor, não...juro! Mas, na segunda, todo mau humor é perdoado, né? Então, me deu vontade de cutucar os dois e dizer que aquilo vai passar logo, aquela paixão não é eterna, aproveitem enquanto existe todo esse fogo, essa loucura um pelo outro e por estarem juntos....Que maldade! Mas, era segunda, lembram??? Bem, quando desci, todo o sentimento de revolta – e um pouco de invejinha – já tinha virado cinza, como o dia lá fora e, pasmem, a segunda foi light, tranquilaça......rsrsrs...Na terça, o motorista da lotação foi o personagem do dia, mas, totalmente “crazy” – ele fala sozinho, expõe as idéias sobre moradores de rua e o Governo, dá soluções para os problemas de ambos e fala, fala e fala....sem retorno de ninguém....É um cara tri novo, mas, como não é a primeira vez que pego a lotação com ele, percebi que deve ter algum problema....olha, certinho, certinho, ele não é, mas, com certeza, revoltadésimo total, com tudo....E, enquanto ele queria acabar com os moradores de rua que não aceitariam receber a ajuda que ele, supostamente, daria se conseguisse que o Governo ouvisse suas idéias, eu vinha rezando para que Deus não resolvesse puni-lo,  por dizer tanta besteira, comigo dentro da lotação.....Ei, sou do lado “bom da força”, Senhor....Não tenho nada a ver com os devaneios desse condutor maluco. Quando chegamos ao centro, ufa....respirei aliviada e, quase arrulhando como os pombinhos de segunda, soltando coraçõezinhos em agradecimento por ter descido inteira e sem ter pego toda aquela frustração visível e palpável que o rapaz exalava pelos poros. Ótima semana a todos nós!!!!