sexta-feira, 7 de junho de 2013

Sonhos Reais

Estou lendo um livro que fala de experiências de pessoas encarnadas com o  mundo espírita, pessoas que receberam avisos, visitas, proteção. Gosto de ler esse tipo de livro, me abre um pouco mais a mente para o que a morte reserva e me deixa menos receosa de partir – mesmo que, lá no fundo, um medinho continue existindo, até porque, acho que o espiritismo não tem resposta para tudo. E, lendo as histórias relatadas no livro, percebi que também passei por esse tipo de comunicação, por duas vezes. Minha avó desencarnou em 1992, depois de ter ficado um bom tempo hospitalizada, em coma e recebendo visitas em horários específicos e, claro,  um parente de cada vez.  No dia que desencarnou eu estava lá e recebi a notícia, fiquei abalada, mesmo sabendo que ela estaria muito melhor do que cheia de aparelhos, remédios, picadas de agulhas, etc., doeu muito. Eu era a primeira neta, filha e sobrinha – fui o xodó da casa por quase 03 anos - até minha irmã nascer e, minha avó, me tratava como filha, tinha orgulho de andar comigo para cima e para baixo, me mostrar. Bem, ela partiu e a dor se instalou. Fiquei triste por não ter conseguido falar com ela, de não ter conseguido me despedir. Não sei bem quanto tempo depois de ter partido, sonhei com ela e, foi tão real, tão verdadeiro, que acordei com a sensação de que ela tinha estado ali para me dar tchau. No sonho, eu estava sentada em frente a minha casa e, olhando para a casa da vizinha do lado – que já havia partido também muitos anos antes da minha avó e, de repente, uma luz clareou o pátio e as duas foram saindo pelo portão, passaram em frente a minha casa e eu pensei: “mas, a fulana já morreu, porque ele está com a vó?”. As duas foram passando bem devagar, a vizinha com o braço por cima dos ombros da minha avó, como se estivesse aconchegando, dando força para seguir e, quando chegaram à praça que tem em frente a minha casa, pararam, viraram para mim e, minha avó, bonita, como se nunca tivesse ficado doente, me olhou, levantou o braço esquerdo e me acenou, me deu tchau. Comecei a chorar e, acordei aos prantos porque soube, naquele momento, que ela também havia partido com esse pesar, de não ter podido me dizer adeus. Veio para me mostrar que estava bem e entre amigos. Raramente sonho com ela, mas, às vezes, quando penso nela, sinto um cheiro forte de jasmim, sua flor preferida e sei que está por perto.  Outro momento marcante foi quando perdi minha mãe. Era Natal, 00h40min, do dia 25/12/2003, quando ela faleceu e, minha revolta foi enorme, a dor insuportável. Era minha “ídala”, minha referência como mulher, era guerreira, não entregava os pontos. Passou por muitos percalços, engravidou aos 17 anos, perdeu uma filha, enfrentou doenças e as conseqüências que elas trouxeram, sempre de cabeça erguida e dando força para quem a cercava. Poucas vezes a vi reclamar, se queixar da vida, chorar. Estava sempre de alto astral, sempre pronta para a gargalhada, sempre disposta para os netos que tanto amava. Mas, ela partiu. E, mais uma vez, me vi sem chão. E, de tanto querer saber se estava bem, onde estava, com quem estava, sonhei com ela e, no sonho, estava como aparece em uma foto quando tinha 17 anos, jovem, bonita, perfeita; me recebeu toda sorridente e me mostrou o lugar. As casas todas de tijolinhos à vista e com algumas partes pintadas de amarelo bem clarinho, não havia cercas, apenas árvores enormes que pareciam delimitar o espaço entre elas; muitas pessoas velhinhas – entre elas, uma senhora que chamávamos de vó e que morou conosco, senti o cheiro do arroz com cebola que ela fazia e tudo era muito real. Minha mãe foi me mostrando tudo, com muita calma e bom humor. Dentro da casa onde disse morar, me mostrou os cômodos e perguntei se havia um quarto para mim; ela me olhou e disse que ainda não era hora de eu ir para lá, era cedo demais. Acordei chorando, claro. Mas, depois, percebi que ela respondeu ao meu chamado, as minhas perguntas; veio me mostrar que estava bem e que tinha se recuperado de tudo o que passou nesse plano. Sempre que sonho com ela, a vejo exatamente como na primeira vez que sonhei e, dentro do meu coração, espero que ela realmente esteja bem e em paz. Que receba sempre nosso amor, nossa saudade e nossa oração. Ela foi um anjo em minha vida e me ensinou a ser a pessoa que sou hoje: forte, destemida, guerreira e feliz comigo mesma. A saudade é eterna mas os momentos que passamos juntas, nunca serão apagados; esses momentos são o combustível que me leva nessa caminhada até nos reencontramos novamente na eternidade.