quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Votar ou Não...

Eu e meus colegas de trabalho, estávamos conversando sobre várias coisas e, acabamos falando sobre eleições e seus eleitos. E, ficamos pensando em como seria se cada novo chefe de Governo fosse, por lei, obrigado a deixar, após os 04 anos de seu reinado, um hospital, uma escola e um presídio construídos ou, se não conseguir acabar uma delas, seu sucessor a concluísse e, ainda dentro dessa mesma lei, começasse novas construções? Não seria tudo mais simples? O povo não ficaria mais gratificado e, com muito mais prazer iria às urnas?? Infelizmente, a realidade é outra e, mesmo que “eles” sejam os caras que deveriam nos prestar contas de seus atos, não estão nem aí para quem os colocou no poder; quando chegam no topo, esquecem suas origens, seus eleitores e, principalmente, aquela porção necessitada que precisa de água encanada, de um lar decente, com assistência médica e hospitalar e, claro, muita educação, de boa qualidade. Quando me perguntam se quero votar, minha resposta deve ser igual a de muitos outros brasileiros decepcionados com o andar de tudo nessa santa terra: não, não quero votar. Não quero ser obrigada a contribuir com essa pouca vergonha que se tornou nosso País, tão repleto de belezas naturais, de riquezas escondidas e de gente boa, decente, que só quer um pouco de feijão com arroz na hora da refeição, um transporte decente para ir ao trabalho, um salário que consiga manter a família, as contas da casa, a farmácia, a educação dos filhos. Não quero votar porque não tenho mais a ilusão de que o próximo vai fazer diferente, vai mudar um pouco essa minha visão embaçada do que está acontecendo; não quero votar porque não consigo acreditar nessa classe política que governa para si mesmo, para quem os rodeia e os enche de paparicos. Estou cansada de, a cada nova eleição, as “novas” mesmas promessas de sempre encherem meus ouvidos, os “novos” mesmos santinhos atapetarem as ruas da cidade. Não quero votar porque sei que o próximo governante vai mudar tudo o que o anterior fez; vai desmanchar as poucas boas coisas que outro possa ter deixado; vai acabar com programas que, mesmo com seus parcos trocados, ajudava uma minoria totalmente necessitada; vai iniciar novos projetos e, quando o povo estiver aceitando as mudanças, um novo chegará e tudo recomeçará do zero novamente. Estou cansada de querer acreditar! Estou cansada de ver a esperança nos olhos de quem precisa acreditar! Estou preocupada com o futuro dos filhos, dos sobrinhos, dos netos! Estou cansada de ir às urnas e nada resolver! Não quero mais votar, mas, a lei me obriga a isso. Então, votarei! Fazer o quê????

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Exploração X Grito de Gol



“Enquanto você grita gol, eles te exploram”....essa frase li em um prédio localizado na Avenida Farrapos e, fiquei tentando decifrá-la, tão cheia de significados para quem a escreveu. Quem não gosta de futebol não está sendo explorado, então, quem ama futebol, está??? É, na verdade, uma afirmação muito sem sentido, porque a exploração está à solta, em qualquer lugar em que estejamos, em qualquer atividade que estivermos desenvolvendo.  Somos explorados no valor da passagem de ônibus, porque o conforto não existe e, a superlotação é uma constante em nossas vidas; somos explorados quando todos os impostos que pagamos são direcionados para bem distante de seu objetivo; somos explorados na segurança inexistente, na educação ineficiente; enfim, somos explorados muito além do grito de gol, muito além da nossa vontade de mudar para ver se melhora; somos explorados quando compramos em 12x e achamos que um bom negócio foi feito, quando, na verdade, os juros estão lá, camuflados, sem que percebamos sua presença a cada parcela suadamente paga. Então, o que é ser explorado de verdade? Quando gritamos gol, colocamos para fora uma euforia sem igual, que vira quase um pranto de alegria porque o time de nosso coração marcou o gol tão esperado e, por isso, tão apaixonadamente festejado. Não podemos juntar “grito de gol” e “exploração” em uma mesma frase: uma parte, representa o amor intenso por um time que, mesmo quando nos traz tristeza, nos dá alegria por fazermos parte de sua história e, a outra parte, é exatamente o oposto de tudo o que batalhamos honestamente para ter e, depois de muitos votos equivocados, políticos com pouca vontade de exercer a verdadeira política para o povo, acabam criando mais e mais impostos para que o povo que os elegeu acabe afundando em impostos sem objetivos específicos, a não ser criando lucros para a própria conta.  Não me sinto explorada quando grito gol; ao contrário, me sinto viva, dona de mim mesma, me sinto conectada com o meu time do coração e projetando uma energia de amor e cumplicidade para que ele não entregue os pontos, não se deixe abater por derrotas insignificantes; enfim, que seja aquele guerreiro em quem sempre confiarei.  Me sinto explorada quando minha vontade não é ouvida e meu voto, na urna, desperdiçado, pois, quando comecei a votar, havia uma intensidade, uma esperança no novo governante, para que mudanças positivas se operassem no País e, hoje, depois de muitas e muitas eleições, o que vejo, são políticos que pensam egoisticamente em aumentar sua renda, em viajar mundo a fora sem trazer nada de proveitoso para nosso desenvolvimento e, principalmente,políticos que esquecem que, na verdade, são eles quem nos prestam seus serviços e, o certo, seria prestarem contas a nós, seus eleitores; mas, isso, fica só na teoria, como a maioria de tudo o que existe dentro das leis do País, onde o privilegiado será sempre aquele que detém o poder e, aquele que realmente precisa, que vá para a fila do SUS esperar pela próxima ficha de atendimento.     

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Onde anda a inocência.....





No feriado, estava sentada em frente a minha casa, descansando de não fazer nada e, fiquei impressionada com o diálogo que ouvi, de três crianças (duas meninas e um menino) – nenhuma das três com mais de 10 anos, que estavam sentadas na calçada. Uma disse para o garoto: “-ela disse que não gosta mais de ti”. O garoto, uma coisinha baixinha, magrinha, mas, já com aquele instinto masculino de não ser deixado de lado por mulher nenhuma – por menos idade que a mesma tenha, respondeu muito ofendido: “eu que não gosto mais dela; prá mim, ela é lixo.” – perceberam o quão adulta foi essa declaração? A menina para não se rebaixar, entrou na conversa e defendeu seu lado, claro: “lixo é tua mãe” e, a baixaria começou – acreditem, ficou pior. Xingamento para cá, xingamento para lá e, eu, só observando, imaginando onde havia ficado a inocência dessa infância tão sexualizada, tão bombardeada por uma realidade violenta, onde fazer sexo com o primeiro que aparece é natural, ter filho aos 13, 14 anos, é normal e matar por matar é corriqueiro. Fiquei lembrando de quando eu tinha 10 anos e me reunia com os primos, jogava futebol, corria para cima e para baixo sem medo de levar bala perdida, subia em árvore para pegar ameixa – aquela amarelinha, doce ou azedinha, mas, que deixou um gosto de uma infância repleta de amor, tranqüilidade e momentos inesquecíveis. Com 14 anos, era completamente abostada para os padrões atuais, pois – podem rir, se quiser - ainda brincava de boneca, fazia batizados com Ki Suco e bolacha Maria, brincava de chacrete, enfim, apesar de parecer tudo meio idiota, era muito divertido e, sinceramente, não trocaria toda essa adolescência problemática atual pelos momentos de simplicidade e harmonia que existiam nesses verdadeiros momentos de relaxamento e lazer. Hoje em dia, se um não quer acompanhar a brincadeira do outro, já leva uma surra; se uma palavra não é bem entendida, já desfilam uma lista de palavrões que, muitas vezes, eu nunca ouvi e nem sei o que significam; se não emprestam a bola, são capazes de furá-la para vingar o momento perdido do futebol da rua. Então, fico pensando: onde está a infância que sonhamos para nossos filhos, sobrinhos, netos? Será que é essa loucura toda que aguarda essas crianças que têm nosso sangue correndo em suas veias? Será que essa violência constante será, também, parte do futuro deles? É horrível estar sempre em alerta, estar sempre de cabelo em pé, com medo do que possa acontecer com alguém próximo a nós...Mas, a única coisa que ainda não nos tiraram, é a nossa fé e, é nela que nos agarramos para continuar acreditando que esse mundo ainda tem solução. Mesmo para essas crianças que parecem já ter se perdido. 

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Divagando pelo Caminho



Já comentei que adoro caminhar observando tudo ao meu redor e, claro, analisar algumas coisas, mesmo que isso não tenha nenhuma relevância na vida de alguém...rsrsrsr... Mas, quando entro na lotação, indo para o trabalho ou voltando para a segurança do meu lar, penso, também e, fico imaginando situações, em coisas que muita gente também deve pensar...eu acho, né???  Tem uma coisa que fica matutando na minha cabeça quando assisto a alguns comerciais de televisão: os atores/atrizes experimentam os produtos que anunciam? Será que tomam aquelas pílulas milagrosas para emagrecer? E os shampoos/xampus – eles usam mesmo? Porque aqueles cabelos maravilhosos não são fruto dos produtos que aparecem na TV....já caí nessa e meu cabelo não fica perfeito depois de um vendaval-teste em frente a um ventilador (não tão potente, claro...).   E, ficar olhando pessoas que nunca vimos antes e, imaginar como ficariam sem roupa ou transando com seus maridos e esposas? Calma, não é nenhuma tara minha, é que aparecem umas pessoas tão estranhas, com as caras fechadas que, sinceramente, não dá para deixar de ter esse tipo de pensamento. Mas, é tudo jogo rápido: o pensamento chega e, quando a cena começa a tomar forma na minha cabeça, eu me chamo à realidade e deixo os coitados curtirem sua sexualidade da melhor maneira que quiserem, mesmo que totalmente sem sal...E, quando lembro daquela questão fatídica, que assusta a toda solteira convicta (???)e, que muita gente adora fazer: porque não casou? Porque arrumou um cachorro e não um marido? Perguntinhas ordinárias, né? Mas, sinceramente, antes eu ficava chateada, pois minhas amigas casaram, tiveram filhos; as mulheres da minha família casaram e tiveram filhos; minhas colegas casaram e tiveram filhos e, eu me achava meio fora do grupo, pois não entendia nada da vida a dois, não tinha filhos e, não sabia o que era ter que dividir despesas, tarefas e tempo com outra pessoa que não eu mesma. Só que, com a chegada da maturidade, percebi que nada disso me faria o que sou e, me vi aceitando perfeitamente a condição de uma mulher solteira, que gosta de usar o tempo livre do jeito que quiser; que vai e volta quando quer, sem ter que dar satisfações a ninguém;  enfim, uma mulher que pode fazer do seu cachorrinho de estimação o companheiro perfeito e, conseguir conviver com sua solteirice de forma tranqüila e saudável. Bem, são essas algumas das coisas que costumo vir matutando nas viagens diárias que faço e, logo depois, completamente esquecidas; aliás, estou escrevendo isso, porque anotei quando vinha  para casa e, vou ser sincera, tem que ser assim: pensou, anota, senão a coisa toda acaba no esquecimento e um branco total toma conta do meu pequeno – mas eficiente - cérebro.

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Comer...Rezar...Amar...Descobrir-se


Comer,  Rezar, Amar......três palavras que, separadas, podem nos levar a um mundo de novas descobertas, conhecimentos variados de nós mesmos. O filme é isso: a autora tentando encontrar  o real motivo para estar aqui, fazer parte desse universo louco onde vivemos atrelados a muitas regras, como casar e ser feliz para sempre, ter uma casa para cuidar, um marido para satisfazer.  E, mesmo tendo tudo isso, ainda faltava algo em sua vida: a aventura de poder  ir, sem ter  endereço certo, sem saber quando voltar, desfrutando de sua própria companhia, conhecendo pessoas novas e com boa energia. Na primeira parada, a Itália, a comilança correu solta, sem culpas, sem medo de exagerar nos pedaços de pizza ou pratos de massa, absorvendo os sabores, os cheiros, enfim, tudo aquilo que a Itália sempre representou, do ponto de vista turístico, claro: um mar de pessoas que falam com gestos, que colocam seu lazer em primeiro lugar, que amam sem reservas, que tentam descobrir uma palavra que os defina.  Nessa parte do filme, juro que cheguei  a sentir o sabor daquela pizza e o cheiro de um prataço de massa que Julia Roberts detonou com um grande sorriso - naquele bocão que causa inveja a muitas mulheres (eu me incluo também) e é o desejo de 99,99% da população masculina; senti o paladar daquele monte de vinho que sorveram e eu, olhando o filme e me imaginando lá (em um futuro não tão próximo, acho), me enchendo de taças e taças desse néctar que, certamente, me faria sentir a Itália em toda sua imponência e explorar tudo, sem restrições ou receio do novo, do desconhecido.   Quando foi para a Índia, o panorama mudou totalmente, pois, em busca de um retiro onde descobrisse o que realmente buscava - encontrar-se, ela se afastou e tentou, através da meditação, uma resposta para suas dúvidas e, para mim, foi a parte mais difícil e um pouco massante, assim, como no livro, só que bem mais reduzido, claro. Mas, com o trabalho voluntário, ao lado de pessoas do mundo inteiro e completamente diferentes dela, mesmo que a meditação não tenha funcionado do jeito que imaginou,  descobriu que ela era uma extensão de algo muito maior, quase que divino e, com calma e muito decidida, resolveu que era hora de partir. E, em Bali, tudo mudou: da paisagem ao estado de espírito e,  se todos tivéssemos a chance de fazer uma jornada assim, escolher os lugares onde gostaríamos de estar sozinhos com todos os nossos medos e dúvidas, a vida seria, além de mais fácil de ser aceita, muito mais divertida e com escolhas simples. Mas, em Bali, ela descobriu que toda a jornada se resumia a aceitar que o que buscava, na verdade, era encontrar o amor, não aquele amor que se junta os trapinhos e a cabana no meio do mato serve de abrigo, não! Encontrou o amor que queria as mesmas coisas que ela: a liberdade de ir e vir e o outro entender; a vontade de ficar em qualquer lugar que o outro estivesse; descobriu que amar não é se prender a regras que a sociedade impõe, mas, criar suas próprias regras e viver uma relação sem pressões ou cobranças. Descobriu que podia ser ela mesma ao lado de alguém que a enxergava exatamente como era. Comer, Rezar, Amar... três palavras separadas que, em uma longa jornada, fizeram alguém se encontrar, descobrir prazeres e aceitar o novo, com um pouco de resistência, mas, no final dessa mesma jornada, com a certeza de que tudo o que buscamos estará sempre dentro de nós, não importa o local onde buscarmos.