segunda-feira, 15 de outubro de 2012

Cansada!

Ando cansada. Muito cansada. De tudo. Do pouco tempo para fazer algumas coisas. Da falta de ânimo para trabalhar. Da falta de grana antes do final do mês. De ouvir a música insuportavelmente alta do vizinho, querendo que meus tímpanos se suicidem.  De pessoas. Principalmente, de algumas pessoas que me cercam diariamente, aquelas que te deixam irritada só com a presença, que te incomodam ao abrir a boca, que te arrepiam de raiva só de te olhar. Cansada. Exausta. Furiosa. Enfim, isso é resultado do ano que está acabando, eu acho. E, mesmo no meio de tanto “cansaço”, consigo pensar em algumas pessoas que, parece, ainda não tiveram esse problema – alguns porque não sabem fazer outra coisa e outros porque o  salário não compensa desistir da carreira (o que eu também faria se ganhasse rios de dinheiro). Bons exemplos são: Faustão,  ainda não cansou de não deixar ninguém falar, de ficar sem resposta para suas perguntas idiotas e de não obter gargalhadas para suas piadas sem graça;  Xuxa, essa não vai cansar tão cedo, afinal, ganhou uma grana invejável para pintar o cabelo....imagina se vai cansar de ser mais infantil que a filha, de ser a eterna namorada do piloto mais famoso do mundo ou de ficar falando com aquela  vozinha  irritante de criança que fez coisa errada e não quer ser castigada – acho que, no fundo, ela gostaria de ser bem castigada.  Claudia Leite não cansa de se achar a mulher mais linda do planeta, a voz mais potente do país, a mãe mais exemplar e cuidadosa do mundo? Para mim, isso é insegurança e ela precisa expressar isso em atitudes idiotas na mídia que, sempre atenta, dá corda para a louca se enforcar aos poucos. Um certo programa humorístico não cansa de ficar humilhando as pessoas que entrevista, de ficar tentando entrar em festas para as quais não foi convidado ou,  ficar avacalhando com seus próprios apresentadores?   As novas duplas sertanejas não cansam da mesma fórmula: calça jeans colado ao corpo, cinto com fivela prateada, camisa baby look, chapéu de vaqueiro e botas de salto para parecerem mais altos e ficarem mais vistosos? Não cansaram de andar de camaro amarelo? De quase ser morto pela "delícia, delícia....."? De dormir na praça? Claro que eu, mísera empregada, com toda a grana que rola entres essas pessoas, também não me sentiria cansada, pois teria grana sobrando  e gente babando, suplicando para me servir  e atender meus pedidos. Só que minha realidade é outra. É essa que estou vivendo agora, a do cansaço total e sem previsão de melhorar, de mudar minha visão antes da virada do ano. Tudo se resolve, eu sei, mas, tem coisas que demoram a acontecer, a se modificar e isso me deixa estressada, por que quero tudo para o já, o agora e, quanto mais ansiosa,  mais demorado o processo. Já escrevi, já coloquei em palavras o que estava sentindo, então, vou tentar relaxar e ver como as coisas se ajeitarão.  Que tudo seja logo! Ah, juro que isso não é indício de depressão ou um suposto ensaio ao suicídio....É só vontade de desabafar com as palavras.

quinta-feira, 11 de outubro de 2012

A Revolta da Natureza

A natureza está se vingando muito bem de nós, meros humanos, que insistimos em mexer com os brios dessa força que não temos sequer idéia de todo seu poder.  É chuva que vem com tudo, alagando e levando tudo que vem pela frente; é vento que derruba casas, arranca árvores, contorce ferros; é sol que chega para dar uma secada  no que a chuva deixou ensopado; é frio que nos tonteia porque não sabemos, com certeza, onde terminou o inverno e começou a primavera. A doideira está tão grande que, pela manhã, saí com sol, de óculos escuros, com um ventinho não tão frio, quando cheguei na parada da lotação, percebi que meu óculos estava cheio de pingos e me dei conta de que estava chovendo – claro que não tirei eles do rosto, o sol “ainda” estava brilhando. Quando cheguei no centro, o vento havia aumentado sua força e começava a nublar; como fui caminhando do centro até meu local de trabalho – isso deve dar uns 15, 20 minutos – fui sentindo calor e imaginei que o dia seria quente. Agora, sentada  dentro da minha sala quentinha, janelas fechadas, estou ouvindo a fúria do vento lá fora, fechou geral o tempo e o sol se foi, assim como minha esperança de que esquente até o final da tarde e, pior, está caindo aquela chuvinha fina, que só serve para embaçar nossos óculos e molhar nossa roupa, pois, com esse vento forte e a indecisão da chuva em saber prá que lado vai virar, não tem como usar uma sombrinha  - o jeito é encarar as gotículas quase invisíveis que caem, mas, acabam deixando suas marcas em nossas roupas sequinhas e quentes. E, mesmo com toda essa loucura da natureza, vejo que as pessoas continuam sem se preocupar com suas atitudes diárias, não respeitando espaço nenhum, não fazendo uso do bom senso para que essas enchentes, alagamentos, bueiros entupidos não sejam uma  tortura  para quem  tem noção de que, cada vez que chove, os rios sobem, os esgotos não dão vazão á água que fica nas ruas e o lixo se espalha por todos os lados. Não vejo dificuldade em separar o lixo,  colocá-lo em sacos bem fechados, deixá-lo dentro do meu pátio  e esperar que a coleta seletiva passe e recolha tudo.  Vejo que tem muita gente que se acomoda porque sabe que, em algum momento, alguém vai passar e recolher a garrafa pet que está largada na frente do seu portão, a lata de cerveja que foi descartada no meio da rua ou a caixa de leite que foi colocada dentro da lixeira, mas o vento forte carregou.  Para mim, virou uma atitude normal voltar para casa, depois de sair com meu cachorro, e levar algumas dessas tralhas para colocar dentro do lixo seco que recolho e, toda sexta-feira, entrego ao lixeiro. Não vejo dificuldade nessa ação, o que vejo é um relaxamento coletivo, um pensamento pobre de que qualquer  tragédia aquática que se abata sobre uma cidade é culpa, exclusivamente, do governo.  Se todos pensassem no coletivo,  muitas coisas ruins que acontecem por aí, certamente, seriam evitadas. Tento fazer minha parte, mas, sou apenas uma entre tantas outras poucas que sei que têm esse cuidado. Como mudar a mentalidade das pessoas? Trabalharei o cérebro para achar uma solução, antes que eu também seja inundada por essa onde de pouca vontade em ajudar a cidade e preservar a natureza.  

quarta-feira, 10 de outubro de 2012

Cena Inusitada

Na fila da lotérica, esperando minha vez de ser atendida,  um senhor me chamou a atenção quando passou por mim direto para o caixa preferencial: magro, alto, usando uma bengala, aparência frágil, como se tivesse sofrido uma AVC ou outra doença qualquer, que  tornou seus movimentos lentos e necessitando  acompanhamento de outra pessoa, aparentando uns  70 e poucos anos – um chute, pois pela aparência adoentada não dá prá ter certeza. Ficou um bom tempo no caixa, pagando ou retirando dinheiro – realmente não vi o que fazia, e,  ao mesmo tempo  que  me chamou a atenção ao entrar, percebi na calçada lateral uma moça, jovem, fumando e que parecia ter também problemas, pois meio que mancava e o andar era meio enrijecido – não sei descrever direito. Bem, o senhor da bengala saiu do caixa e se encaminhou para a rua, para o lado onde estava a moça e eu,  fui para o caixa para ser atendida. Quando a menina ia me atender, ouvi uns burburinhos do lado de fora e todos se voltaram para a calçada onde estava a moça: o velho desceu do pequeno degrau, meio desequilibrado e tentou se agarrar na moça que, por sua vez, também perdeu  o equilíbrio e quase acabaram caindo. Um rapaz que passava na rua segurou o velhinho e na confusão, agarrado na moça, o velhinho quase caiu para dentro da lotérica e um senhor na fila correu para segurá-la – gente,  apesar do cenário parecer triste, ficou engraçado aquele embolamento, tipo aqueles bonecos que a gente empurra para lá e para cá e não caem nunca. A moça do caixa perguntou o que estava acontecendo, pois de onde estava não enxergava a lateral do prédio; falei que o senhor que havia saído dali tinha perdido o equilíbrio e uma moça na calçada o havia segurado, enfim, relatei a cena toda. Ela, claro, curiosa, levantou, olhou por cima do vidro do caixa, se espichando toda e começou a rir; fiquei olhando prá ela, sem entender nada e ela me disse que o velhinho e a moça, toda semana, iam a um motelzinho que tem ali perto e que ele fica todo errado – ou mais errado, ainda, porque toma Viagra. Juro que não acreditei no que ela falou, mas, ela falava com tanta convicção e, ainda disse que na semana anterior ele tinha chegado pior ali, pois o efeito do Viagra ainda não havia passado por completo. Olha, se vocês vissem a pessoa, concordariam comigo e ficariam apavorados que um senhor naquela situação ainda toma Viagra. Várias coisas me passaram pela cabeça: será que ele é sozinho, não tem um parente, alguém para levá-lo aos lugares onde precisa ir? Será que a moça que estava com ele é alguém de confiança, alguma conhecida, uma viciada, prostituta? Será que moram juntos? E a pergunta que mais mexeu com meus pensamentos: será que, mesmo tomando Viagra, ele transou com ela? Desculpem, mas, aquele senhor não tinha condições de nada, nem se tomasse uma caixa inteira, aliás, o que seria mais certo de ele conseguir era um ataque fulminante do coração, com morte instantânea mesmo, daquelas mais rápidas que preparar um miojo. E, ao mesmo tempo fiquei pensando que uma mulher tem  que ter muita coragem, necessidade ou falta de tudo que  mantenha sua dignidade intacta, para passar por isso. Mas, tirando esses “poréms” todos, fiquei impressionada com a situação e, pensando também que, quando esse velhinho passar dessa prá melhor, que seja nos braços de alguém que o faça feliz, rodeado de caixas de Viagra e ao lado de sua amada e necessária bengala.