terça-feira, 5 de junho de 2012

Armadilha no Banheiro

Moro com meu pai. E, sinceramente, isso não me incomoda em nada: nos entendemos,  nos aturamos e a vida segue em frente. Mas, morar com um homem, independente da idade ou da relação que se tenha com ele, não é muito fácil, pois, todos sem exceção,  jogam a toalha molhada na cama, deixam a pia cheia de pasta de dente, não baixam a tampa do vaso sanitário. E, acordar de madrugada, sonolenta, louca para fazer xixi, é algo que acontece com freqüência e, a primeira coisa a ser feita é abrir os olhos e ter certeza de que não era um sonho – certamente, aquela pressão na bexiga é a maior prova de que não estamos mais dormindo. Acordar, pular correndo da cama e ir guiando os passos no escuro, tentando não atropelar o cachorro, não bater em nada no meio do caminho e chegar ao banheiro sem molhar as calças. Vitória: o banheiro está livre e as calças ainda secas. Mas, quando resolvemos sentar para   aliviar a nossa amada bexiguinha, uma surpresa – o vaso está com as duas partes que o cobrem  levantadas, como uma armadilha pronta para fechar em torno do nosso corpo, fazendo nossa bunda tocar na água que tem no fundo do sanitário e sentir aquele gelado desconfortável que, com o choque, acaba nos acordando de vez. E, nesse momento, descobrimos que morar com um homem, seja ele seu pai, seu avô, seu irmão, marido, noivo, namorado, ou qualquer outra situação, é igual em qualquer parte do mundo e, quem pagará o pato por isso, sempre seremos nós e nossa mania de achar que um dia eles mudarão as atitudes e serão um pouco mais cuidadosos, ordeiros e terão consciência de que, quem mija em pé são eles e não nós, que precisamos sentar para sentir que somos as donas da casa e do trono  

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