Li um livro que fala sobre uma relação virtual. É um começo meio estranho, porque o encontro se dá por uma troca errada de endereço de email e, assim, a estória começa a se desenrolar. Os textos trocados começam tímidos, mas, instigando um ao outro a se desvendar; depois, começa a ficar mais solto, com mais provocações e, por fim, começam a se descobrir e o tom fica muito mais pessoal do que deveria. Recomendo “@mor” (Daniel Glattauer) – é o primeiro livro desse cara lançado no Brasil – vale a pena. Mas, o que queria falar é sobre as coisas que conseguimos colocar no papel e, ao vivo, é difícil de expressar, de dar o tom certo às palavras. Muito já escrevi para alguns “possíveis” amores e, sinceramente, me entreguei a tudo o que escrevi, me revelei total e desmesuradamente, sem vergonha nenhuma de ser eu mesma naquelas linhas que, por muitas vezes, se foram lidas não alcançaram o total entendimento. Todas as vezes em que me apaixonei, aquela pessoa parecia ser a certa, parecia ser a pessoa merecedora das minhas mais apaixonantes palavras, do mais precioso tempo que passava liberando meus sentimentos e colocando-os em forma de frases completas, repletas de paixão, de mensagens subliminares e de desejos que não teria coragem de revelar a mais ninguém que não fosse aquela pessoa alvo da minha fome louca de ter um amor. E, com o passar do tempo, o amadurecimento chega, os tropeços dados vão se acumulando e deixando nosso coração um pouco mais receoso de se entregar, de voltar a juntar as palavras para desenhá-las em lindas mensagens de amor. Todos os romances que não vingaram, mesmo com as mais belas coisas que escrevia, me vieram a lembrança quando li o livro que citei e, fiquei me perguntando: porque não tirei cópia de tudo, quem sabe hoje eu não teria uma bagagem de textos legais, lindos, apaixonados e sinceros para transformar em um livro? Mas, tudo o que escrevemos, depois de colocado no papel, lido, relido, revisado várias vezes para não deixar nenhuma dúvida ao outro de que o que escrevemos é fruto de nosso mais puro sentimento, fica ali, naquele tempo, naquele momento e para aquela pessoa. Então, mesmo que estejam gravadas em uma folha de papel como uma carta apaixonada ou em um pequeno bilhete de saudades, essas palavras foram jogadas ao vento, porque, nada disso mais volta. Nenhum sentimento pode ser igual. Nenhuma relação vai recomeçar de onde a outra terminou. Nós não podemos mais voltar de onde paramos, porque o tempo nos muda, o tempo nos mostra que depois de tanta paixão desmedida, o que buscamos, agora, é a cumplicidade, a calma, o entendimento e a companhia de uma nova paixão e, dessa vez, desejando que a maturidade nos faça falar e não escrever todas as palavras que habitam em nosso ser. Essas palavras, mesmo que o vento as leve, ficarão guardadas dentro do coração de quem as receber e, que o nosso aceite que toda paixão começa com pequenas palavras que, transformadas em grandes mensagens, nos revelam totalmente, desnudam nossa alma e nos deixam mais fortes para ir em busca da felicidade.
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