terça-feira, 30 de agosto de 2011

Frágeis relacionamentos


Acho que as pessoas estão meio que enlouquecendo...não consigo ver de outra maneira algumas atitudes que ando presenciando. Como uma pessoa que, durante quase 50 anos viveu junto, construiu família, criou filhos, adquiriu bens, passou por fases ruins, fases boas e, em outras fases, teve momentos mais que memoráveis, de repente, resolve que é “jovem” novamente e sai batendo cabeça por aí, com outra pessoa, deixando a companheira de uma vida inteira a ver navios? Não vou julgar se é certo ou errado dar um novo passo quando achamos que o que temos já não nos satisfaz, não preenche algum vazio; o que me deixa louca da vida, é um homem mais que maduro, resolver que vai cair fora da relação quando essa pessoa mais precisa dele, do seu apoio, da sua força, da sua ajuda para o médico, para o remédio, para cozinhar, para ser seus olhos. O que me deixa fula da vida, é esse homem jogar a culpa da sua infidelidade sobre os ombros dos filhos, fazendo com que eles passem a sentir-se culpados por ele estar saindo de casa. Na verdade, as pessoas são criadas para ir à luta, buscar seu espaço, sua felicidade; ensinadas a ser sinceras, verdadeiras e sempre respeitar o núcleo familiar, sem desrespeitar pai, mãe e as pessoas mais velhas; são criadas e ensinadas que o casamento é para ser eterno enquanto durar o amor, mas, na concepção de família, na maneira que foram criadas, não existirá jamais a possibilidade de separação, a ínfima suposição de que pai abandonará mãe, mãe largará pai – enfim, mesmo sem querer, acabamos fazendo dessa instituição chamada família o nosso próprio conto de fadas, onde tudo pode se enrolar no meio do caminho, mas, no final, todos serão “felizes para sempre”. E, é aí, que a coisa complica, pois, ninguém é obrigado a viver eternamente com ninguém, ninguém é obrigado a carregar o outro nas costas e, o mundo começa a ficar mais real, mais palpável; a verdadeira face das pessoas começa a aparecer, começam a mostrar quem são e do que são capazes. Eu, sinceramente, acho que quando o amor acaba cada um deve seguir seu caminho, sem brigas, sem disputas ferrenhas onde muitos saem magoados, desiludidos; se viveram tanto tempo juntos, a separação pode ser uma continuidade dessa amizade que deve substituir o amor que um dia existiu. Mas, somente eu e uma minoria deve pensar assim, porque vejo que pessoas velhas, casadas há anos, de repente se encantam por outra pessoa e, num estalar de dedos, pegam suas trouxas e vão embora, direto para os braços da outra que tornou-se seu novo porto seguro. E, quem ficou para trás, deixou de ser seu problema? Deixou de ser aquela pessoa que foi um dia e, em muitas ocasiões, seu porto seguro? Como fica essa pessoa que sempre se dedicou, criou seus filhos, estava sempre ali quando sabia de suas escapadas e, mesmo assim, lhe recebia de braços abertos e coração limpo? Fico me questionando onde foi parar o verdadeiro amor que uniu duas pessoas e, que hoje, se distanciam porque um deles não consegue mais se sentir a vontade dentro da relação? Será que um dia esse amor existiu de ambas as partes? Será que houve toda essa entrega dos dois lados? Ou, tudo começou e terminou com uma única pessoa se doando? Não sei se existem ganhadores nesse tipo de relação; o que sei é apenas o que vejo, uma pessoa sofrendo calada por não ter mais forças para lutar pelo que acreditava e que, por força de um capricho alheio, acaba perdendo a vontade de seguir em frente e lutar por sua saúde e pela própria sobrevivência. Onde foi parar o amor e a compaixão de uma relação que durou quase 50 anos? Onde foi parar???

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