quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Procissão dos Navegantes


A fé está dentro de cada um, com a intensidade que esse indivíduo delegará a sua mente ou, dependendo do caso, a necessidade urgente de um milagre em sua vida. Acompanhar a procissão de Navegantes, para mim, é algo que faz parte da minha vida, algo normal. Desde que me conheço por gente, ou de onde consigo lembrar, minha mãe sempre nos levou e, nunca deixamos de ir; na verdade, ano passado não fui, mas, como estava na praia, não deixei de prestar minha homenagem, na beira do mar. Fico impressionada com o número de pessoas que participam da caminhada, debaixo de um sol escaldante, sob um chão que parece queimar nossos pés. Mas, nesses anos todos, aprendi que existem as pessoas que acompanham por ter fé, por fidelidade e outras, que vão por obrigação, curiosidade ou pelo convite de outra pessoa; existem aqueles que, em meio a tanta emoção e energia, conseguem ficar imunes e aproveitam para colocar o papo em dia, seja com a pessoa que a levou ou, ao celular mesmo. E, acreditem, é uma prática comum ficar falando, fofocando, colocando o podre do outro para fora e, a reza, a devoção, parecem não ter importância nenhuma; o que importa é dizer que foi à procissão, que caminhou e cumpriu sua obrigação de fé – mas, ter fé é uma obrigação? Não acompanho só por agradecimento por tudo que recebo, participo porque, para mim, o ano começa após a realização da procissão, após a passagem da Santa dos Navegantes que, lá do alto do seu andor, parece abençoar nosso dia, aliviar nossa dor e fazer com que nossa fé se fortaleça para que a caminhada não seja tão árdua, o novo ano seja menos pesado e um pouco maia fácil de ser atravessado. Lá, do alto do seu andor, parece nos fortalecer para que estejamos mais fortes no próximo encontro, no próximo fevereiro, sob uma nova manhã ensolarada e escaldante.

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