sábado, 12 de fevereiro de 2011

Facilitar para quê??


A praça repleta de pombos, pessoas aguardando o horário do início de expediente à porta da Prefeitura e, todos – inclusive eu que passava pelo local, prestavam atenção a um homem que tentava tirar desesperadamente a camiseta sem tirar o boné que trazia na cabeça.  Fiquei observando a cena, até certo ponto, engraçada; ele ficava ajeitando a camiseta, com o rosto coberto por ela e, com os dedos ia ajeitando a gola para que o boné não saísse junto.  Fiquei pensando se não seria mais fácil ele tirar o boné, tirar a camiseta e recolocar o boné, novamente? E, não é assim que agimos na vida, normalmente: complicamos para não facilitar? Percebo, cada vez mais, que as pessoas, na pressa de realizar coisas diárias, procuram sempre ir pelo caminho – não mais difícil, mas, com um pouco mais de obstáculos. Ninguém parece querer buscar a solução rápida (ou indolor); a sensação é que, quanto mais demorada a solução, mais festejada ela será, ou, na maioria das vezes, essa solução nem chega a acontecer. Dificultamos o trabalho do próximo quando colocamos regras que nem nós mesmos seguimos; se atrasamos para o trabalho, e somos a única pessoa com a chave da porta, ninguém entrará até chegarmos; se o pagamento mensal do salário depende de uma única pessoa para ser enviado e, na empresa, ninguém mais tem acesso a esse sistema, ninguém receberá enquanto não lançarem a folha; se o ônibus atrasa e não colocam outro para substituí-lo, não se chega no horário ao trabalho. Olhando assim, são coisas passíveis de soluções rápidas, onde ninguém precisa trancar coisas na sua vida ou na vida do outro, mas, que precisam de boa vontade para que aconteça. O conhecimento não precisa estar detido nas mãos de um só; se dois ou três souberem trabalhar em conjunto, com respeito e ética, as tarefas mais rapidamente serão realizadas de maneira eficaz, em tempo hábil e com muito mais prazer. Voltando ao homem da praça, fico pensando se ele conseguiu tirar a camiseta e manter o boné na cabeça, ou, se desistiu da façanha e se juntou a quem passava para jogar migalhas aos pombos, até o expediente começar em mais um dia de altas temperaturas.  

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