segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Bola Murcha e Bola Cheia



No futebol, “bola murcha” é aquele que erra o gol quase dentro da goleira, que chuta o ar e deixa a bola plantada no chão; “bola cheia” é o que sabe tratar a bola com maestria, que a conduz ao gol de maneira suave, como se a tirasse para dançar, pois os pés têm uma sintonia com esse objeto redondo, que causa tanto furor e desejo na ala masculina. Mas, no cotidiano, no dia-a-dia corrido, atribulado de nossas loucas cidades, o que é ser “bola murcha” e o que é ser “bola cheia”? Fico me perguntando  e, incrivelmente, não se tem como medir isso, porque o futebol é algo que engole milhões de pares de olhos, ávidos por lances memoráveis, gols indescritíveis e vitórias (ou derrotas) emocionantes. Como usar esses termos com a pessoa comum, que trabalha suadamente para receber seu salário mensal? Não que os caras que joguem não suem, também; mas, incrivelmente, o salário da maioria deles é bem maior que o da maioria da população que ama futebol e venera seus ídolos. Então, como usar esses termos? Quem seria o bola murcha no dia-a-dia? Aquele que não quer nada com nada, que prefere enfiar a alma dentro de um copo de cachaça para esquecer os supostos problemas; aquele que prefere tirar o bem material do cidadão de bem, que batalhou para conquistá-lo; aquele que usa crianças e inocentes para satisfazer suas taras doentias; aquele que sente prazer em machucar animais? E, o bola cheia? O que passa 12 horas trabalhando e deixa a família em segundo plano? Aquele que sobe degraus na vida e esquece suas origens? O que estende a mão a alguém, mas, não deixa essa pessoa esquecer o gesto? Acho que, Graças a Deus, esses termos divertidos no futebol, não se encaixam dentro da nossa normalidade diária. Porque, a realidade é muito mais complicada; as relações diárias não são fáceis e muitas atitudes quase que não se consegue encontrar explicações. Vamos deixar os “bola murcha” e “bola cheia” dentro de um esporte que nos faz vibrar, que mexe com nosso coração e traz lágrimas aos nossos olhos. Fica mais divertido, cria uma competição saudável e nos faz esquecer um pouco da triste realidade fora das quatro linhas.

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