Quando resolvi criar um blog, fiquei pensando sobre o que escreveria e, depois do primeiro texto, os outros vieram de maneira natural e com assuntos variados. Hoje, com meu humor na escala 08, resolvi ir caminhando para o trabalho; fui no meu passinho de tartaruga, devagar e sempre, sem me preocupar em chegar suando ao trabalho; minha única preocupação era apenas curtir o caminho, sem nenhum tipo de incidente na jornada. No meio do caminho, vinha um homem na direção contrária a minha e, mesmo sem achá-lo interessante, me chamou a atenção porque vinha me olhando e, nosso sexto sentido acaba ficando aguçado, claro, para esse tipo de coisa. Eu olhei para ele e, quanto mais a distância encurtava, tive a certeza de que era para mim que ele olhava; no começo, fiquei lisonjeada: 07h30 da manhã, cabelos molhados do banho, calça jeans, camiseta, totalmente largadaça, sem nenhuma produção “pró-paquera” (quem vai imaginar ser paquerada nesse horário?? Se é que tem horário para isso...). Meu “id” e meu “ego” ficaram emocionados, fundiram-se de tanta alegria, afinal, eu já havia falado em um post anterior que não sei mais paquerar e, estou dizendo a verdade; não fiquei alegre por estar sendo paquerada, imagina....essa é a menor das minhas preocupações; achei legal, na verdade, “eu” ter percebido isso. Mas, voltando ao assunto, no começo achei interessante ser “interessante” para um cara naquele horário; mas, de repente, algo aconteceu dentro do meu cérebro e comecei a fantasiar sobre algumas coisas (nada de sexo animal com um total desconhecido, dentro de um elevador, parado em um andar qualquer....abafa...). Minha mente começou a enviar mensagens diretas, tipo “não é paquera, idiota...ele vai te assaltar.”; aí, tudo mudou de figura: fiquei encarando o coitado e, meus olhos devem ter passado essa mensagem para ele: “vai me assaltar? Pode vir, não tenho nada de importante dentro da bolsa; pode levar tudo, só deixa minha “marmitinha”, ok?”. E, meu olhar não era de medo, era de raiva, de ódio e, ele entendeu, sabe por quê? Passou por mim e, o olhar que antes me mirava com admiração, passou a ser de interrogação, como se me perguntasse: “o que mudou nessa louca?”. Passamos um pelo outro, sem mais nenhum olhar; eu grudada na minha bolsa com a marmita dentro e, ele, com o olhar em outra direção, com passos rápidos e decidido a ficar bem longe de mim. Depois da loucura toda, cheguei ao trabalho, fiz meu café e fiquei lembrando do ocorrido; comecei a escrever e tive a triste constatação de que, infelizmente, o medo – além de se tornar nosso primeiro “nome”, é nosso maior companheiro nesse mundo atual e, consequentemente, a solidão tornou-se nosso sobrenome. Com essa violência solta aí fora, fica difícil confiar em alguém e, acabamos nos enfiando dentro da falsa concha da segurança que é nosso interior; às vezes, por ter todo esse medo, acabamos deixando oportunidades legais passarem batidas por nós, sem ter a chance de experimentar algo novo. Mas, tudo bem, um dia tudo se ajeita e, se o nosso destino já é traçado, como dizem os entendidos do assunto, não preciso ter medo do meu destino, apenas do destino dos desconhecidos que me cercam.
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