Confissões: mesmo tendo colocado no blog um texto sobre a Revolução Farroupilha, confesso que não sou uma gaúcha de seguir as tradições; acho lindo quem dá vida aos CTGs, quem usa com orgulho os vestidos de prenda, quem faz as cavalgadas, enfim, quem realmente curte toda a tradição. Na verdade, são poucas as coisas de gaúcho que eu costumo fazer, tipo sentir uma alegria imensa quando volto de alguma viagem e vejo as luzinhas da cidade brilhando,comer churrasco, tomar chimarrão, cantar o hino rio-grandense nas partidas de futebol do meu time, mas, tudo de maneira regulada. Explico: viajar sempre é bom, pois traz a sensação de liberdade, a expectativa de novos conhecimentos, enfim, nos faz ver que o mundo é feito para ser descoberto e, depois de um certo tempo viajando, a volta para casa sempre é algo especial, mesmo que tenhamos que voltar à rotina dos afazeres domésticos e do trabalho fora de casa; comer churrasco aos domingos, há um tempo atrás, era quase uma lei, uma obrigação onde não se podia sequer pensar em não assar um pedaço que fosse de carne e, junto com isso, a família ia chegando, a caipirinha passando de mão em mão, o pãozinho com alho servindo de aperitivo, mas, com o custo de vida enlouquecido, o preço da carne foi às alturas e, o que era algo rotineiro, acabou voltando às origens e virando objeto de desejo da maioria da classe média, onde só é consumido no final de mês - quando sobra alguma grana, ou, em alguma comemoração especial. Por um lado, até é bom, as pesquisas dizem que carne vermelha faz mal à saúde, mas, sinceramente, uma costela bem assada, com uma farinhazinha, nossa...é uma loucura. O chimarrão, também, é algo que tomo, mas, não vou muito fundo, porque não tenho problemas com minha bexiga, então, imagina se eu resolver trocar a água e o café pelo”chimas”, não dormiria mais, certamente, pois teria que passar o tempo todo no banheiro ou, quem sabe, usar fraldas noturnas. Nosso Hino, ah, esse, parece que já vem incrustado no nosso DNA, pois, assim que os acordes começam, seja onde for, todos se levantam, o orgulho brilhando nos olhos e entoam seus versos palavra por palavra, para que sejam bem digeridos por quem está acompanhando qualquer evento que esteja acontecendo; parece existir um acordo sigiloso entre quem canta, porque a música vem do fundo da alma, a pele arrepia, enfim, quem já ouviu, sabe do que estou falando, mas, quem nunca acompanhou essa verdadeira manifestação de amor ao nosso Pampa e, se um dia tiver oportunidade, preste atenção e verá que tudo o que escrevo aqui é verdadeiro e faz sentido dentro desse nosso amado Estado. Posso ter escrito algumas bobagens, mas, a verdade é que, mesmo que não cultive as tradições como deveria, tenho muito orgulho de ter nascido aqui, de ser gaúcha; de me esticar no solzinho do inverno e me empanturrar de bergamotas, de fazer um belo revirado numa panela de ferro, fritar um ovo e me regalar como se fosse o prato mais fino do mundo; de torcer para meu time e ficar de olho no resultado do time rival; de ir para a Serra sentir muito frio e me aquecer com um bom café colonial; de ir para a praia e tomar chimarrão na beira do mar, com o vento espalhando a erva; de sentar no gasômetro, curtindo o sol à beira do Guaíba; enfim, tenho orgulho de ter coisas lindas nesse pedaço de chão que criou homens valentes e de fibra, transformando-os em personagens inesquecíveis e que muito fizeram para que nosso Rio Grande do Sul fizesse parte de algo grandioso que marcou nossa história.
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