
Quando
chegamos a uma certa idade - muitas vezes, sem a maturidade necessária para
aceitar que já estamos em um patamar evolutivo, onde pensamos mais nas conseqüências
de nossas ações e, por isso, deixamos de fazer algumas coisas que gostaríamos
de fazer, fica difícil aceitar certas atitudes, certas coisas que a vida resolve nos presentear. Fomos
criadas para amar e ser amadas, para constituir família e, como em um conto de
fadas, termos o final feliz de toda e qualquer princesa que preze sua coroa, seu
lado mais frágil, o lado, digamos, mulherzinha. Mas, os tempos modernos fazem
com que a necessidade de ir à luta, de buscar a tão desejada independência, de
crescer sabendo o que se quer, faz com que esses sonhos acabem ficando em
segundo plano, onde o que importa é o “ter agora”, é o viver o presente; é ter
o poder da escolha: ficar em uma relação que não me satisfaz ou ficar sozinha e
dar a cara a tapa, me sentir realizada? Nossas mães não passaram por isso,
porque as escolhas não existiam. As famílias já tinham traçado seus planos e,
se quisessem mudar algo, a coisa ficava meio feia, mas, nada que não pudesse
ser resolvido de maneira pacífica – se os pais, claro, tivessem um pouquinho que
fosse, a mente aberta. Algumas
mulheres passaram por cima desses esquemas já formados, e conseguiram trabalhar,
constituir família, criar seus filhos e cuidar da casa – minha mãe foi um
exemplo disso - e, acabaram sendo a base familiar, trabalhando lado a lado com
seus maridos e mudando a visão de que a força aceitável da casa era a do homem.
Mas, o que quero falar mesmo é que, depois de uma certa idade, começamos a
desconfiar até da nossa sombra quando o assunto é relacionamento. Toda relação
vai ter seu bônus e seu ônus, claro. O bônus será ter alguém ao seu lado,
acordar e ver que aqueles braços de ontem, ainda estão ao redor do seu corpo e
não foram apenas abraços fortuitos, daqueles que acabam no meio da madrugada e,
você, sozinha na manhã seguinte, sabendo que nunca mais verá aquela pessoa
novamente. Esse bônus, te traz um pouco mais de segurança, mostra que ainda pode existir romantismo, companheirismo
e alegrias em uma relação madura, onde ambos concordam em fazer concessões, dar
espaço, não atropelar o tempo do outro. E, isso nos deixa leves, bobas e encantadas. Mas,
o ônus, chega e, de repente, o coração que se desenhava em nossos olhos a cada
novo encontro, torna-se pontos de interrogação, porque, dentro de uma relação,
depois dos 40, existem dois passados: o dele e o seu, então, existem muitas
outras coisas agregadas a cada um, existem outras histórias, outras pessoas e,
nesse momento, nossa maturidade precisa entrar em ação, nossa paciência começa
a ser testada e nossa segurança em relação ao romance, fica balançada. O que
fazer? Não sei. Estou fugindo dos romances, dos envolvimentos – pode parecer
cínico e debochado para minhas amigas que estão envolvidas com alguém, ou, para aquelas que querem alguém para se enrolar,
mas, fico pensando no que dizer, no que aconselhar. Sou metida e, não é porque não tenho ninguém e
nem procuro por tal, que não posso ter opinião ou dar um conselhinho básico, não
é?? Acho que quando pinta o “ônus” da relação, o diálogo, a cumplicidade tem
que aparecer e, de maneira saudável, educada e verdadeira, colocar as dúvidas,
os receios, as coisas mais bobas que surgirem, na mesa; se tiver que cobrar
postura, cobre; se tiver que cobrar respostas, cobre; se tiver que chorar,
chore, mas, não deixe de abrir seu coração, de permitir que o romance entre em
sua vida, pois, se duas pessoas estão juntas, se ambas se encontraram em um
momento de distração, é porque o universo conspirou prá isso e quer que essa
relação aconteça. Se o caminho for meio pedregoso, o diálogo vai destruindo
essas pedras e, se for para dar certo, a estrada até poderá não ser de tijolos
amarelos, mas, certamente, será feita de paixão, retas e curvas de entrega e,
no final, quem sabe esse sapinho não vira o príncipe que você tanto leu nas
estórias de final feliz? Só que com ambos
dividindo os bônus dessa relação.
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