segunda-feira, 19 de novembro de 2012

Relacionamentos: Bônus e Ônus


Quando chegamos a uma certa idade - muitas vezes, sem a maturidade necessária para aceitar que já estamos em um patamar evolutivo, onde pensamos mais nas conseqüências de nossas ações e, por isso, deixamos de fazer algumas coisas que gostaríamos de fazer, fica difícil aceitar certas atitudes, certas coisas  que a vida resolve nos presentear. Fomos criadas para amar e ser amadas, para constituir família e, como em um conto de fadas, termos o final feliz de toda e qualquer princesa que preze sua coroa, seu lado mais frágil, o lado, digamos, mulherzinha. Mas, os tempos modernos fazem com que a necessidade de ir à luta, de buscar a tão desejada independência, de crescer sabendo o que se quer, faz com que esses sonhos acabem ficando em segundo plano, onde o que importa é o “ter agora”, é o viver o presente; é ter o poder da escolha: ficar em uma relação que não me satisfaz ou ficar sozinha e dar a cara a tapa, me sentir realizada? Nossas mães não passaram por isso, porque as escolhas não existiam. As famílias já tinham traçado seus planos e, se quisessem mudar algo, a coisa ficava meio feia, mas, nada que não pudesse ser resolvido de maneira pacífica – se os pais, claro, tivessem um pouquinho que fosse,  a mente aberta.   Algumas mulheres passaram por cima desses esquemas já formados, e conseguiram trabalhar, constituir família, criar seus filhos e cuidar da casa – minha mãe foi um exemplo disso - e, acabaram sendo a base familiar, trabalhando lado a lado com seus maridos e mudando a visão de que a força aceitável da casa era a do homem. Mas, o que quero falar mesmo é que, depois de uma certa idade, começamos a desconfiar até da nossa sombra quando o assunto é relacionamento. Toda relação vai ter seu bônus e seu ônus, claro. O bônus será ter alguém ao seu lado, acordar e ver que aqueles braços de ontem, ainda estão ao redor do seu corpo e não foram apenas abraços fortuitos, daqueles que acabam no meio da madrugada e, você, sozinha na manhã seguinte, sabendo que nunca mais verá aquela pessoa novamente. Esse bônus, te traz um pouco mais de segurança,  mostra que ainda pode existir romantismo, companheirismo e alegrias em uma relação madura, onde ambos concordam em fazer concessões, dar espaço, não atropelar o tempo do outro. E,  isso nos deixa leves, bobas e encantadas. Mas, o ônus, chega e, de repente, o coração que se desenhava em nossos olhos a cada novo encontro, torna-se pontos de interrogação, porque, dentro de uma relação, depois dos 40, existem dois passados: o dele e o seu, então, existem muitas outras coisas agregadas a cada um, existem outras histórias, outras pessoas e, nesse momento, nossa maturidade precisa entrar em ação, nossa paciência começa a ser testada e nossa segurança em relação ao romance, fica balançada. O que fazer? Não sei. Estou fugindo dos romances, dos envolvimentos – pode parecer cínico e debochado para minhas amigas que  estão envolvidas com alguém, ou,  para aquelas que querem alguém para se enrolar, mas, fico pensando no que dizer, no que aconselhar.  Sou metida e, não é porque não tenho ninguém e nem procuro por tal, que não posso ter opinião ou dar um conselhinho básico, não é?? Acho que quando pinta o “ônus” da relação, o diálogo, a cumplicidade tem que aparecer e, de maneira saudável, educada e verdadeira, colocar as dúvidas, os receios, as coisas mais bobas que surgirem, na mesa; se tiver que cobrar postura, cobre; se tiver que cobrar respostas, cobre; se tiver que chorar, chore, mas, não deixe de abrir seu coração, de permitir que o romance entre em sua vida, pois, se duas pessoas estão juntas, se ambas se encontraram em um momento de distração, é porque o universo conspirou prá isso e quer que essa relação aconteça. Se o caminho for meio pedregoso, o diálogo vai destruindo essas pedras e, se for para dar certo, a estrada até poderá não ser de tijolos amarelos, mas, certamente, será feita de paixão, retas e curvas de entrega e, no final, quem sabe esse sapinho não vira o príncipe que você tanto leu nas estórias de final feliz? Só que com ambos dividindo os bônus dessa relação.

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