Na segunda-feira, indo para o trabalho, presenciei uma cena chocante, em plena Avenida Farrapos e, como diz o trecho de uma música antiga: “tá lá o corpo estendido no chão...”. Não vi o corpo porque meu estômago não seguraria o café tão bem sorvido antes de sair; mas, vi a confusão formada pelo número de curiosos, acotovelados, tentando saber como havia acontecido o acidente, em que estado havia ficado o corpo; na verdade, um bando de urubus esperando o momento certo para atacar. Diante de todo aquele caos, em pleno início de manhã, fiquei me questionando o quanto somos pequenos, o quanto somos insignificantes nesse imenso universo, recheado de loucuras e tragédias. Quem vai sair de casa imaginando que, no meio do caminho, será atropelado por um caminhão, dirigido por um motorista que diz ter perdido a direção porque teve um mal súbito? Como podemos imaginar que, o simples gesto de levantar da cama pela manhã, pode ser o início do fim da nossa vida, o fim de nossa caminhada nesse plano? Quem vai se despedir de quem ama porque pode não voltar para casa? Fiquei pensando em tudo isso e, sinceramente, não existem respostas; não existem indícios de quando isso vai acontecer. Imaginei o que deve ter passado pela cabeça da pessoa que foi atingida por esse caminhão, de maneira estúpida e brusca; será que sentiu dor, sentiu medo, pensou que poderia se salvar, pensou nas pessoas que deixaria para trás? E, o motorista, não poderia ter desviado o caminhão para o outro lado? Sentiu-se mal mesmo ou foi a desculpa que deu para tirar a culpa da consciência? Como se sentiu depois do que aconteceu? A família do rapaz atropelado conseguirá superar a perda? São muitos questionamentos para situações que, infelizmente, tornaram-se corriqueiras nesse mundo atual em que vivemos, onde a pressa de chegar é mais importante que respeitar o sinal e, principalmente, respeitar a vida do próximo; onde “passar por cima de alguém” deixou de ser expressão para tornar-se uma estatística da dura realidade que é andar fora ou dentro dos grandes centros. Em segundos várias coisas podem ser feitas e eu, por exemplo, ia para o trabalho, alguém abria as portas de um estabelecimento qualquer, as crianças saíam para a escola e, esse rapaz, nesses mesmos segundos, de maneira estúpida, perdia a vida. Nesses momentos, realmente, percebo que a vida é curta demais e o mundo, povoado por pessoas que esquecem que viver é a base de tudo.
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